Em agosto, 5 milhões de pessoas de famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões via Pix a plataformas de apostas. Os dados são de uma nota técnica divulgada nesta terça-feira, 24/9, pelo Banco Central, sobre o mercado de apostas online no País.
O valor mediano transferido por beneficiário é de R$ 100. Entre os apostadores, 70% são chefes de família – ou seja, aqueles que de fato recebem o benefício – e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets. O Banco Central utilizou para a pesquisa o número de cadastrados de dezembro de 2023, dentre os quais 17% apostaram.
Em agosto, o Bolsa Família repassou R$ 14,1 bilhões para mais de 20,7 milhões de famílias, com valor médio de R$ 681 por família. Isso significa que 21% do valor pago pelo governo foi transferido via Pix a empresas de apostas, segundo o BC.
BRASILEIROS GASTAM CERCA DE R$ 20 BI POR MÊS COM APOSTAS
No estudo, o BC estima que o volume mensal de transferências via Pix de pessoas físicas para empresas de apostas online variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões de janeiro a agosto.
Em agosto, por exemplo, foram transferidos via Pix R$ 21,1 bilhões para as empresas de jogos de azar e apostas, enquanto as loterias tradicionais da Caixa arrecadaram R$ 1,9 bilhão.
O BC estima que cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas, realizando ao menos uma transferência via Pix para essas empresas durante o período analisado, de janeiro a agosto.
Em relação ao perfil dos apostadores, a maioria tem entre 20 e 30 anos. Segundo o estudo, o valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade: para os mais jovens, gira em torno de R$ 100; enquanto para os mais velhos, ultrapassa R$ 3 mil, segundo dados de agosto.
O mercado de apostas online está em processo de regulamentação pelo Ministério da Fazenda. A pasta já soltou portarias com diretrizes, mas as regras só entrarão em vigor a partir de janeiro de 2025 – entre elas a proibição de apostas com cartão de crédito. A partir do mês que vem, porém, só poderão operar empresas que pediram autorização para a Fazenda.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, vem defendendo a proibição imediata do uso do cartão para apostas – que para ele assumira proporções “gigantescas e alarmantes”.