As 59 mil denúncias feitas anualmente pela população e as operações conjuntas entre Sabesp e Secretaria de Segurança Pública contribuíram para o aumento
O número de Boletins de Ocorrência por furto de água registrados pela Sabesp teve crescimento de 477% em 2016 na comparação com 2013, ano anterior ao início da crise hídrica. O aumento deve-se em grande parte ao início das operações conjuntas entre a companhia e a Secretaria de Segurança Pública em 2014 e também à contribuição constante da população, que reportou uma média de 59 mil denúncias de fraudes por ano no período.
A Sabesp sempre manteve equipes que analisam o consumo de seus clientes e realizam vistorias para verificar casos suspeitos. Mas com o início da crise hídrica essas ações foram intensificadas, tendo em vista que os fraudadores não se preocupam com o desperdício e acreditam que não irão pagar pelo alto consumo. É comum entre quem comete o crime deixar torneiras abertas e não consertar vazamentos. Em 2014 foram realizadas nove operações conjuntas, enquanto no ano passado esse número chegou a 36.
Em 2013, foram registrados 45 Boletins de Ocorrência na Região Metropolitana de São Paulo e Região Bragantina. Com o início das operações com a SSP, o número saltou para 135 em 2014 e na comparação de 2015 com 2016, o aumento foi de 31%: de 198 para 260. No intervalo de quatro anos, o número de fraudes constatadas passou de 13,5 mil para 25,9 mil, ou 91% a mais.
E para 2017 a tendência é que a alta seja ainda maior. Nos dois primeiros meses do ano, foram registrados 73 BOs, número que já supera todo o primeiro semestre de 2016 e é 630% maior do que o do primeiro bimestre de 2013.
O auxílio da população para combater esse tipo de crime, que afeta a todos, é fundamental. Além do trabalho realizado pela Sabesp, os criminosos podem estar sendo vigiados pelos próprios vizinhos, que suspeitam quando percebem que alguém está usando água além do normal. Para fazer a denúncia, basta ligar para a Central de Atendimento da Sabesp (195) ou para o Disque-Denúncia (181). Em ambos os casos a chamada é gratuita e não exige a identificação de quem telefona. A pena para o furto de água é de um a quatro anos de reclusão, além da aplicação de multa e do pagamento retroativo à Sabesp do consumo estimado no período.
Cinco fraudes de grande porte constatadas na semana passada
Na operação conjunta com a SSP mais recente, realizada semana passada, foram detectadas cinco fraudes de grande porte na capital. A maior delas foi numa galeria que fica na esquina da avenida Senador Queiroz com a rua Florêncio de Abreu, Centro. O imóvel possuía uma ligação direta feita após ter o abastecimento de água suprimido em agosto de 2016. Foram furtados 3,6 milhões de litros de água e o proprietário foi levado ao 4º Distrito Policial (Consolação) para o registro do Boletim de Ocorrência. Também há uma pendência judicial com o imóvel por débitos da ordem de R$ 280 mil.
No Pari, região central, um estacionamento consumia água também através de ligação direta. O locatário foi autuado em flagrante, conduzido ao 12º DP (Pari) e responderá por furto de autoria conhecida. Foram desviados 96 mil litros em seis meses. Já na Vila Pompeia, zona oeste, um lava-rápido consumia água com hidrômetro manipulado, diminuindo o volume consumido. O responsável foi encaminhado ao 23º DP (Perdizes) para o registro do BO. O estabelecimento furtou 168 mil litros no período de um ano.
Um restaurante na Barra Funda, zona oeste, foi flagrado com manipulação no hidrômetro e o gerente e o proprietário foram encaminhados ao 23º DP (Perdizes). Foram furtados 387 mil litros em nove meses. Por fim, outro hidrômetro manipulado foi encontrado em uma academia na Vila Clementino, zona sul. O volume desviado foi de 117 mil litros em três meses e um funcionário foi encaminhado ao 27º DP (Campo Belo).
No total, o volume furtado nesses cinco casos é de 4,368 milhões de litros de água, o que equivale ao consumo diário de 39 mil pessoas.