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Energético com álcool eleva risco de acidentes de trânsito, diz estudo com universitários

Um em cinco universitários brasileiros mistura álcool com bebidas energéticas, o que aumenta a probabilidade de se engajarem em comportamentos de risco. A combinação eleva em cinco vezes as chances de exagerar na bebida, duplica o risco de dirigir em alta velocidade e quadruplica o risco de envolvimento em acidentes com feridos.
A conclusão é de um estudo inédito da USP, que envolveu 8.672 universitários das 27 capitais que relataram ter bebido nos últimos 12 meses.
Entre eles, 78,9% reportaram apenas o uso de álcool e 21,1% disseram ter misturado álcool e energéticos –3.361 estudantes foram excluídos da análise por terem usado também drogas ilícitas. Nos EUA, pesquisas feitas pelo governo já apontaram um aumento no número de visitas ao pronto-socorro após o uso de energéticos. O estimulante, com altas doses de cafeína (cada latinha equivale a três cafés expressos), mantém a pessoa acordada e com “pique” por mais tempo mesmo após o uso de bebida.
“Tomados com álcool, os energéticos podem mascarar os efeitos da bebida. A pessoa bebe mais sem perceber”, diz o psicólogo Frederico Eckschmidt, pesquisador no departamento de saúde preventiva da USP e um dos autores do trabalho.
Ele explica que a combinação torna o sabor das bebidas mais doce, o que faz aumentar o consumo. “Ela exacerba o efeito de desinibição comum ao álcool e reduz a sensação de embriaguez, sem diminuir o comprometimento real do álcool. Isso no trânsito pode representar um grande risco”, afirma.

 

BALADAS
O estudante de psicologia Victor, 25, (nome fictício), que costuma beber vodca ou uísque com energético, conta que a mistura dá “a ilusão de beber menos”. “Alivia o gosto amargo da bebida e a queimação na garganta.”
Victor (nome fictício), 25, estudante de psicologia e consumidor de drinques com energético
Nas baladas, segundo o estudante, essa associação é cada vez mais comum. “Às vezes, na compra do energético, a primeira dose é grátis. Ninguém vê problema nisso.”
Para o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grea (programa de estudos de álcool e drogas) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a mistura “não é inocente”.
“Ainda que para muitos jovens ela não vá trazer complicação alguma, porque ele vai usá-la eventualmente, para um número razoável há uma maior vulnerabilidade”, afirma o psiquiatra.
Segundo ele, o maior risco envolve pessoas que já fazem a mistura com a intenção de ficar mais alcoolizadas. “São os buscadores de sensações.”
Guerra afirma, no entanto, que, por haver poucos estudos sobre a associação entre bebidas energéticas e álcool, não é possível dizer qual a dose segura para o uso e nem se há risco de dependência. “Esse estudo é um ponto de partida para isso.”
Eckschmidt diz que há limitações no trabalho. Não se sabe, por exemplo, se o maior fator de risco está na mistura das bebidas ou no excesso de álcool consumido por essa parcela de jovens. “São necessários mais estudos.”

AUMENTO
Nos EUA, entre 2007 e 2011, mais do que dobrou o número de emergências médicas envolvendo bebidas energéticas. Cerca de 42% das pessoas tratadas tinham tomado a bebida com álcool ou outras substâncias, como remédios para deficit de atenção.
Entre os problemas de saúde relatados estavam ansiedade, dor de cabeça, arritmia cardíaca e ataques cardíacos. Os fabricantes de bebidas energéticas dizem que os produtos não trazem perigos.

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