Em nove dias, evento ocupa o Planetário do Ibirapuera com arte, ciências espaciais, shows, filmes de ficção científica, oficinas de astronomia e laboratórios colaborativos
Cientistas, artistas, livres pensadores, filósofos, astrofísicos, engenheiros espaciais, futuros astronautas, lideranças indígenas e quilombolas prometem se debruçar sobre o futuro da humanidade, a partir deste sábado, no Planetário do Ibirapuera.
A segunda edição da Comuna Intergaláctica chega a São Paulo disposta a firmar-se em pólo de discussão sobre arte e ciências espaciais, com exposições, debates, performances, cinema fulldome, shows, mostra de cinema de ficção científica, oficinas de astronomia e laboratórios colaborativos.
Os temas são os mais variados possíveis – ora tangenciando a astronomia, ora usando sua transversalidade humanística para propor o “futuro segundo a periferia do poder”. Os organizadores entendem que todas as discussões sobre os temas “arte” e “ciências especiais” tendem a excluir os menos favorecidos, mantendo-se apenas em outras esferas, como a acadêmica.
A Comuna seria o futuro proposto pela periferia do poder, dos que não participam da construção da tecnologia, mas que desejam participar na construção de suas utopias.
A curadoria do evento e direção geral são de Fabiane Borges e Eduardo Duwe, com produção executiva de Marcia Reverdosa e produção de Yasmin de Araujo, Ana Flávia Carvalho (produtores), Nathaly Noscatto (assistente de produção), Kako Guirado (desenho sonoro), Lucas Bambozzi (laboratório de campo eletromagnético), Rafael Frazão (programador de cine sci-fi e comunicação visual), Keila costa e José Silveira (cenografia), Simon Fernandes (identidade visual), Fernando Yamamoto (operador de áudio) e equipe de fulldome da Visual Farm. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), por intermédio do Planetário Aristóteles Orsini da UMAPAZ, é apoiadora desta segunda edição, que traz as seguintes agendas:
Equinócio de Primavera
Com a chegada da nova estação, no dia 22, sua celebração é feita com o Ara Pyau, ou a descolonização dos céus. Por isso, a agenda prevê o lançamento simbólico de uma nave espacial feita a partir do bambu, em cerimônia que promete ser bela e muito musical. A atividade será realizada por Karai Moreira, liderança espiritual Guarani Mbya e estudioso de astronomia indígena, e por Germano Afonso, astrônomo especializado em arqueo e etnoastronomia.
Ancestralidade e futuro – disputa pelo espaço
A visão de um líder quilombola sobre a questão espacial tem um gosto particular desta versão: há um histórico de fracassos e desrespeito aos direitos do povo quilombola que reside próximo da região da Base de Alcântara, já que desde 2017 discute-se uma possível negociação do Brasil com os Estados Unidos para usar essa base. Biné Quilombola é a liderança Quilombola no Maranhão.
Extremophilicos
Estes seriam seres capazes de viver em condições muito extremas e que podem ser a origem da vida na terra ou mesmo a vida terrestre que seguirá inseminando o universo. O tema pode ser debatido com o cientista do Blue Marble Space Institute of Science no Centro Ames de Pesquisas da NASA, Ivan Gláucio de Lima, que atua como co-investigador principal da Missão Espacial EuCROPIS.
Ficção científica, especulativa e feminismo
Alice Gabriel, Anastasia Guide Itokazu e Barbara Prince são as três personas indicadas para discutir o universo da ficção científica, segundo a ótica do feminismo.
Afrofuturismo e Afrotopia
Em plenos anos 1950 e 1960, a NASA presenciou o movimento negro questionando os avanços tecnológicos espaciais, seus gastos astronômicos com foguetes e a ambição de representar a humanidade, enquanto as questões sociais, identitárias e raciais nos EUA não estavam nada resolvidas. E hoje, qual o papel da utopia futurista no movimento negro? O debate é proposto por Kênia Faria e Eugênio Lima.
Cometas, asteroides, meteoros e meteoritos
A destruição da Terra e a panspermia (teoria segundo a qual microrganismos ou precursores químicos da vida se encontram presentes no espaço, sendo capazes de dar surgimento a ela quando atingem um planeta adequado): a contribuição que os pequenos corpos celestes trazem para nós, sua beleza, magia e ameaça à nossa existência, são propostas de debate de Roberto Bockzo.
Ondas Gravitacionais: distorções no espaço-tempo
Um dos maiores especialistas no assunto, Odylio Denys de Aguiar, participou da Colaboração Científica LIGO (LSC), das primeiras detecções de ondas gravitacionais, em 2015 e 2017.
Missões espaciais
Como serão as futuras missões espaciais? Desde que Elon Musk mandou para o espaço um carro numa extravagante missão espacial publicitária, a era das missões espaciais privadas se tornou realidade inegável. Quais seriam as consequências dessa nova era? Marco Palhares, candidato a um dos primeiros astronautas brasileiros, Douglas Galante, da missão Garateia, e Othon Cabo Winter, da missão Aster, ajudam a responder.
Antropoceno
A tecnologia permitiu ao homem mudar o planeta para uma nova era geológica, colocando-nos como os sucessores dos dinossauros – ou seríamos nós os próprios meteoros? Maira Begalli e José Eli da Veiga questionam.
Arte e Ciência Espacial
O mesmo Ellon Musk que envia o veículo elétrico para a órbita solar faz com que artistas ligados à ciência espacial e astronomia repensem seu papel extraterrestre. As discussões éticas e estéticas são fundamentais para pensar o espaço, como avaliam Nahum All e Glerm Soares (Movimento dos sem satélites).
PROGRAMAÇÃO
Dias 15 e 16
Debates e palestras
Horário: das 10h às 20h
Dias 17 a 20
Oficinas de Arte, Astronomia, Ciências Espaciais e Ficção
Especulativa
Horário: das 14h às 20h
Dias 21, 22 e 23
Shows, performances, exposição e cinema fulldome
Sexta: das 18h às 22h
Sábado: das 16 às 22h
Domingo: das 16h às 21h
Local: Planetário do Ibirapuera – EMA – Escola Municipal de Astronomia
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Parque Ibirapuera
Para saber mais: comuna.intergalactica.space
Contato: comuna.intergalactica@gmail.com